sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Redes sociais x jornalismo

  As redes sociais não poderiam ser caracterizadas como jornalismo profissional porque não apresentam algumas características essenciais. Quem sabe até possam ser um gênero do chamado “jornalismo cidadão”, pelo qual tudo por enquanto é possível e ainda não foi solidificado teoricamente, mas acredito que as redes sejam mais uma ferramenta de relações públicas.  O jornalismo profissional tem como ponto de partida a separação dos gêneros informativo, opinativo, interpretativo e diversional, e a tipologia de matérias.

  Com propósitos informativos há entrevistas ping-pong, chamadas, infográficos, erratas, efemérides, notas ou registros, textos-legenda, legendas de fotos e finalmente as essenciais notícias e reportagens. No âmbito opinativo podem ser encontrados artigos-assinados, cartas ou correios eletrônicos, colunas, ensaios, comentários, crônicas, editoriais, cartuns, charges, caricaturas, resenhas, notas de redação, etc.
 
   Nas redes sociais há textos que poderiam ser caracterizados como notas se usassem o estilo do texto jornalístico que prevê uma série de características entre as quais a objetividade, a clareza e a concisão, a imparcialidade, a veracidade, sem, no entanto, abusar de abreviações e sinais de pontuação para outras finalidades simbólicas como ocorre neste espaço cibernético. Segundo as normas e critérios de alguns dos manuais de redação de jornais impressos, as abreviações devem ser sempre evitadas e a gramática normativa, tanto quanto possível, precisa ser seguida fato que nem sempre acontece nas mensagens.

   O Twitter concretamente é uma comunidade social para promover as relações entre as pessoas, que pode ser integrada por amigos, familiares, vizinhos, colegas de trabalho e organizações. Pode ser usada por profissionais e funcionários de instituições públicas ou privadas, por organizações não-governamentais, organizações sociais, visando oferecer informação e orientação, frisando que nem toda informação difundida no universo é necessariamente jornalística. Não há, portanto, em seu conteúdo compromisso com a ética jornalística, a precisão e apuração jornalística e a narrativa jornalística. Por outro lado, o fato de não ser um meio jornalístico clássico também não o desmerece. Ao contrário disso, ele tem um papel singular e relevante nas transmissões de informações interpessoais e entre comunidades. A preocupação, de fato, tem ido além e alguns veículos de grande imprensa proibiram seus funcionários de publicar informações pelo Twitter, pois consideram que a informação pode ser de interesse da empresa. Usá-lo como fonte secundária ou mesmo pauta não parece oportuno porque para logar diretamente sua página é muito fácil e rápido. Talvez seja cabível em determinadas situações para contextualizações de matérias ou para remeter ao seu próprio endereço, ou para noticiar para públicos “analfabetos digitais”, mas os jornalistas precisam tomar cuidado para não criar uma dependência orgânica à novidade e trabalhar apenas com informações de segunda mão.

 Já as redes Orkut e Facebook operam mais com mensagens interpessoais, avisos, dicas, colóquios corriqueiros, recados e pequenos comentários que não são tipificados seguramente como gêneros jornalísticos. O blog que em princípio era um diário on-line avançou e virou espaço para artigos, comentários e colunas regulares. Na prática, os blogs podem ter caráter jornalístico dependendo de como são editados e alguns deles hoje são verdadeiros veículos de um autor só. O Blog do Noblat, por exemplo, é um meio jornalístico de alta qualidade e muitas vezes pautam a própria “grande imprensa”.  Portanto, na definição do blog jornalístico é preciso verificar se há compromisso com a forma editorial, não apenas indícios e principalmente se apresenta periodicidade regular como qualquer veículo tradicional. A plataforma livro na atual forma códice pode ser um meio jornalístico, literário ou de referência, do mesmo jeito que um blog também pode sê-lo. Tudo dependerá da caracterização e especificidades. As novas formas de relacionamento com as fontes, a distribuição de conteúdos, a de leitores e a velocidade informativa são alguns elementos que podem caracterizar a atividade dos media no atual modelo comunicacional em rede. A relação entre emissores e receptores tem vindo a ser alterada e para isso tem contribuído a utilização das redes sociais. Este trabalho procura fazer uma análise comparativa entre as regras de conduta para a utilização das redes sociais já avançadas por vários meios de Comunicação, na tentativa de perceber quais as principais preocupações enunciadas e se as mesmas interferem ou não com a liberdade do jornalista à valorização crescente da instantaneidade da informação e à pluralidade de opiniões e informações, a mediação, fundamental ao exercício do jornalismo, é colocada em causa, e os jornalistas, tradicionais mediadores na produção de conteúdos, têm visto o seu papel delido pela facilidade de qualquer pessoa publicar e difundir informação.

Conclusão

A utilização do Facebook pelos media é um dado adquirido, nomeadamente como agregador de notícias, como plataforma de difusão de informação e até como uma forma de captar leitores. Neste sentido, reconhece-se a existência de vantagens para os media. A utilização do Twitter, por exemplo, permite ir ao encontro de fontes e concretizar uma maior ligação aos utilizadores, nomeadamente no que diz respeito à interação e às reações que caracterizam esta forma de relacionamento. A associação entre o conteúdo publicado nas redes sociais e a linha editorial de um meio de comunicação social pode implicar a extensão das regras éticas e deontológicas à Internet. O jornalista tem responsabilidade sobre o trabalho que desenvolve, tendo em consideração as regras éticas e deontológicas que norteiam a profissão. Isso não deve significar a ausência de uma interação com os leitores, hoje possíveis através das mais diversas formas neste novo modelo comunicacional em rede.

Paula Regina

















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